Indagações ao poeta

Tristeza não tem fim
Felicidade sim


Força de expressão, poeta? A tristeza nunca nos deixa, nunca nos dá um alento para que a felicidade se achegue, faça morada e seja perene?


A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranquila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor



Ah, poeta, que cenário tão belo! Que símbolo melhor para a felicidade do que o orvalho da manhã  banhando uma flor? Mas vem a oscilação...E basta ser leve e basta ser brisa para se tornar lágrima...


A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
e tudo se acabar na quarta feira


Ah, poeta, como discordar de ti? As cinzas não são de fato o que nos resta da folia? E o sonho é tão breve...Mas me diga, poeta, não A encontrarei em nenhum outro dia?
 

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar



Ah, poeta, onde busco tal vento? Dizei-me como a pluma pode planar por um instante a mais...



A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite
Passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Prá que ela acorde alegre como o dia
Oferecendo beijos de amor



Ah, poeta, será isso? A morada perene, o sonho tranquilo, a pluma que voa, as cinzas tornadas em fênix... O amor?








Música de Antonio Carlos Jobim. No vídeo,  o Danilo Caymi cantando.